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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

20 de set. de 2007

O Grande Mestre de Cerimônia

"Hey, Mr. Dj, Put a record on, I wanna dance with my baby"...
Pense em uma música dançante de que goste. Agora, imagine-se ‘bailando’. Depois encontre o par perfeito. Preste atenção nas luzes que lhe cercam: coloridas, vibrantes, oscilantes. O som é contagiante e felizmente inebriante. Para que possamos materializar este momento, nada melhor do que um bom e experiente "Disck Jockey" (Dj), que embala por horas e mais horas, milhares de pessoas que buscam a batida perfeita para dançar, para se divertir. São profissionais que vem se transformando em astros das mais diversas ‘tribos’ da música eletrônica. Desde os Anos 50 estão aí, na pista. Atualmente aliam tecnologia à criatividade, depois misturam tudo com a cultura Pop e em seguida servem como prato principal remixes. E como acompanhamento, que tal um Dj com presença de espírito?

Offer Nissim. Você já ouviu, leu algo referente a este nome? Existem grandes probabilidades da resposta ser positiva, mas para aqueles que ainda amargam o desconhecimento deste artista, restam algumas chances para entender do que escrevo nas próximas linhas. Para compensar tal falta de conhecimento, indico claro, um rápido acesso a um site destes de pesquisa na rede mundial de computadores, ou então, procurar pelas músicas que levam a sua assinatura. Mas quem não entender nada ao ouvir as batidas rítmicas e ‘swingadas’, acompanhadas de diferentes vozes, também recomendo a Internet, mas desta vez naquela “home” tão famosa de vídeos. Offer Nissim, não é cantor, pelo menos até onde eu saiba, mas é Dj e produtor musical. O que para ele vai além de comandar as “pick-ups” em clubes e ficar trancafiado em estúdios de gravação.

Offer Nissim é Dj residente de uma das mais badaladas pistas de Tel Aviv, Israel, e como já ouvi e li em muitos materiais promocionais das suas apresentações, o cara é considerado um herói na terra-natal. Passou a reunir milhares de pessoas aqui, no lado Ocidental do planeta, com o poder dos seus sets. Ícone do universo gay, atualmente é referência de talento e sob as experiências de tê-lo visto em todas as suas apresentações no Brasil, que já somam-se cinco, digo em alto e bom som, em letras garrafais que ele é um “show -man”, um verdadeiro mestre de cerimônia.

O engraçado é, que assim que escutamos os primeiros 'acordes' vindos das “pick-ups”, sabemos que o som é feito por ele, que os remixes das divas da musica Pop são dele. E como se não bastasse, as melodias que produz possuem aspectos épicos, de ópera moderna. Quando ele está presente, ao vivo, não tem para mais ninguém. Performático, bate cabelo, dublador, sorridente, carismático e regente. Sim, Offer Nissim não anima o publico do qual é o comandante, ele rége como ninguém os amantes do “Tribal House”. Diversão garantida. Falando nisso, o Dj dos Dj’s, apresenta-se novamente no Brasil, no dia 29 de Setembro em São Paulo.

Além de ‘vestir’ músicas conhecidas com as suas características, que inclusive são ‘hits’ de FM, como as de Nelly Furtado, Christina Aguilera, Jennifer Lopez, Beyoncè e Madonna, ele dá vida para cantoras desconhecidas pelo grande público, mas de grande sucesso entre os freqüentadores de “disco clubs”, como é o caso de Maya, Suzanne Palmer e Kristine W. As músicas tocadas por ele, geralmente possuem vocais poderosos e as letras falam de amor, seja ele bem resolvido ou não. E o que importa é que todos que estão ali sabem pelo menos os refrões e aplaudem as 'performances' de Offer Nissim. A noite não seria a mesma se ele apenas soltasse o som!

Todas as vezes que vi Offer Nissim entrar em cena, posso confessar, senti um arrepio e me diverti como nunca. Claro que para uma festa ser especial, você precisa estar na mesma freqüência que ela. Mas é impossível não fazer reverência, na minha opinião, a um dos maiores Dj’s da atualidade. Como ficar indiferente a “Alone”, “First Time”, “Free My Love”, “Cinderella Rockfella”, “Isaac”, “I Wish I Din’t Miss You”, “For You Love”, “Fascinated”, “Manureva” e até “Joe Le Taxi”? Só por isso já vale a pena estar ali, ouvindo, vendo, sentindo e sendo arremessado para um lugar que ainda não sei o nome, mas é lá que sempre encontro o meu amor, meus amigos e a felicidade de sentir que a vida pulsa, independente de quem você seja. Offer doa, transforma, oferece com maestria o poder de simplesmente divertir, algo fundamental para a existência humana e sendo assim desde que o mundo é mundo.

5 de set. de 2007

Uma Mente Sombria e Bem Humorada

Noiva Cadáver: mórbidamente linda e extremamente romântica
Histórias que tratam de assuntos 'tabus', como a morte, sempre me chamaram a atenção quando inseridos dentro de um contexto bem humorado e inteligente. São temas que às vezes faltam 'tato' na abordagem, seja na Tv, no cinema, na música ou qualquer outra mídia de propagação cultural. Muitas vezes os temas são explorados à exaustão e cheios de clichê, preconceito e demagogia. Mas lendo esta semana sobre o lançamento de um livro aqui no Brasil, me dei conta o quanto pode ser 'leve' refletir sobre certos temas, principalmente referentes aqueles que ainda são um mistério para nós.

O cineasta Tim Burton, sim, aquele que adora produzir filmes soturnos e com estética gótica voltou a chamar a atenção por causa da sua última produção. Não, não é um novo filme, mas sim um livro de poesias. O livro foi lançado em 2002 e conta várias histórias de humor negro, bem ao gosto do diretor e roteirista, mas somente agora, ganhou tradução para o português. A coletânea de histórias bizarras chama-se “O Triste Fim do Pequeno Menino Ostra e Outras Histórias” e promete agradar aqueles que prezam pelas diferenças. Na história, Breno é “fã” de amoníaco e de fumaça de escapamento de carros, já o Menino Palito é apaixonado pela Garota Fósforo ou então a fábula dos pais que desprezam o filho porque ele tem cheiro semelhante ao das algas.

Ainda não tive tempo e nem oportunidade de procurar e folhear o livro nas prateleiras das livrarias, mas tenho pressa. Primeiro porque as histórias contadas por Burton no cinema sempre fogem ao óbvio e, assim parece ser com as páginas impressas. Segundo, as ilustrações são todas feitas por ele e terceiro pelo apelo estético de seus trabalhos.

Criador de filmes como “Edward Mãos de Tesoura”, o “Estranho Mundo de Jack”, “Ed Wood”, “Batman - O Retorno”, “A Lenda do Cavaleiro sem Cabeça”, “Big Fish”, o remake de a “Fantástica Fábrica de Chocolate” e o grande sucesso “Noiva Cadáver”, já pode-se entender o interesse pelas ‘realizações’ de Tim Burton. A maioria dos filmes rodados pelo cineasta tem como protagonista o ator com ares de excêntrico e misterioso Johnny Deep, tão cool quanto à linguagem aberrante e talentosa da cinematografia que vem desenvolvendo desde o início de sua carreira.

Tim Burton começou a carreira como aprendiz de animação na Walt Disney Studio. Mas infeliz com os rumos das direções de arte da empresa, resolveu alçar vôo sozinho, principalmente após ouvir dos produtores que seus desenhos pareciam ter sido atropelados. Foi neste mesmo período que ele produziu um dos seus primeiros sucessos de bilheteria: “O Estranho Mundo de Jack”.

O último filme lançado por Burton foi a “Noiva Cadáver”, que se tornou um sucesso de público e crítica, tanto que recebeu uma indicação em 2006 ao Oscar por “Melhor Animação”. Com esta fábula às avessas, achamos graça do mórbido, ou seja, uma noiva volta do mundo dos mortos em busca da realização de um grande sonho, o de se casar. Morte e vida se confundem nas histórias contadas por Tim, assim como luz e sombra, humor e drama, medo e diversão.

Recentemente ele esteve em Veneza, para receber o prêmio Leão de Ouro e disse que sente-se muito feliz com a honraria e que a estatueta é muito mais bonita do que a do homem nu, referindo-se a do Oscar. Aproveitando ainda a visita à Veneza, rodou algumas cenas do próximo filme. E adivinha quem terá o papel principal deste novo longa? Acertou quem disse Johnny Deep. Mas o diretor não revelou em qual gênero o filme será classificado, apenas afirmou: “Quero brincar que é uma comédia, mas as pessoas não vão rir, ou quero achar que é um drama, que pode fazer as pessoas rirem”. Uma salva de palmas ao universo dúbio, mas não menos interessante e mordaz que Burton joga ao nosso colo cada vez que vamos ao cinema contemplar as peripécias bizarras de figuras estranhas e adoráveis. Certamente em algum momento iremos nos ver nos personagens, mesmo que seja aquele “eu” tão bem guardado, que nem sabemos onde estão as chaves que o aprisionam.
obs:: clique sobre o título para ver o clipe do filme