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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

19 de mar. de 2007

Maria Antonieta, Escandalosamente Fashion

Se não tem pão, que comam brioches: Kirsten Dunst é Maria Antonieta

A curiosidade misturada com a ansiedade teve fim na última sexta-feira, dia 16 de março. Até que enfim estreou nos cinemas brasileiros o aguardado filme sobre uma das mulheres mais polêmicas da história, Maria Antonieta, terceiro longa-metragem de Sofia Coppola. Apesar da crítica especializada ter detestado o roteiro construído para retratar a corte da França do século XVIII, argumentando que faltou história política do período que antecedeu a Revolução Francesa e que sobrou frivolidades de uma “patricinha” que mais tarde se tornaria a primeira vítima da moda. Mas o que se vê na telona são cenas belíssimas das acomodações em Versailles, os figurinos impecáveis e o lado "humano" de uma rainha, que apesar do sangue azul, não passava de uma simples mortal. Em muitos momentos o que sente-se nas cenas é um ar de melancolia...

A história de Maria Antonieta, apesar de ser sinônimo de desperdícios, excentricidades, luxo, poder e sexo, fascina, como se ela vivesse tudo aquilo que nós, simples plebeus jamais poderíamos vivenciar e, não falo por questões financeiras, mas pelo simples fato de ser uma rainha e viver plenamente como tal, sem culpa, sem medos. E Sofia Coppola parece que mostrou apego sentimental no momento de narrar a história de uma princesa austríaca que em nome da diplomacia foi a chave para a aliança entre dois países. Rejeitada por muito tempo pelo marido e odiada pelos nobres e pela plebe, foi culpada por tudo, então, para tornar a vida menos amarga, criou um universo de cores, sabores, sentidos, festas e jogos. Atitudes de uma jovem, que acabou se deslumbrando com o poder, com a riqueza e com a soberania. Tarefa difícil não se corromper com os pecados deste mundo, não é?!

O filme mistura elementos do Universo Pop, como um tênis All Star azul, que se você não prestar atenção ele passa despercebido no meio dos inúmeros pares de sapatos da rainha. A trilha sonora também merece destaque, rocks dos Anos 70 e 80 aparecem em um baile de máscaras. São pitadas de modernidades na história ‘cinebiografada’ de uma mulher que mudou os conceitos de beleza, moda e comportamento, talvez a grande contribuição deste personagem histórico. Tanto que ‘vira e mexe’ torna-se referência fashion, seja em editorias ou nas passarelas. Maria Antonieta ainda lança tendências.

A rainha também foi uma celebridade da sua época, estampava com certa freqüência os tablóides, provocava escândalos, rendia artigos ácidos sobre a sua ‘persona’. Depois de tantos gastos, das frases infelizes, (que por sinal muitos historiadores negam veemente que ela às tenha proferido) que somaram-se aos altos impostos e a impopularidade do rei, o trono francês sucumbiu junto com o seu absolutismo. A insatisfação da burguesia que não agüentava mais pagar os luxos da família real e de todos os que à cercavam, levaram Maria Antonieta a ser decapitada em praça pública. O conto-de-fadas da rainha escandalosamente fashion caiu, desmoronou, mas até hoje permeia o imaginário, as revistas, é contada e recontada em livros e filmes, causando polêmicas, como fez há mais de 200 anos.

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