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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

27 de mai. de 2006

Salve, Madonna!

Madonna na Era das Confissões na Pista de Dança
Inúmeras pessoas já cantarolaram versos de músicas da cantora Madonna desde os primeiros anos da década de 1980. De lá para cá, inúmeros foram os "hits" que tocaram nas rádios ou nos aparelhos de som de fãs e admiradores da "pop star" ao redor do mundo.

Do Ocidente ao Oriente, já se falou de Madonna. Seja pelo som sempre atualizado e sintonizado no que está "in Vogue", principalmente pelas polêmicas que causa ao lançar um novo disco, turnê ou quando concede entrevistas.

A Diva já caminhou pela batida sintetizada e de refrões “grudentos” no início dos Anos 80, provocou a ira da Igreja, já foi Dita, a dominadora. Tornou-se “cult” e romântica. Até Evita ela conseguiu incorporar. Depois da gestação de Lourdes Maria, sua primeira filha, voltou-se para o Oriente e toda a sua filosofia de auto-conhecimento. Nasce também nessa mesma época, uma nova produção musical, moderna, elétrica, rápida, profunda, rica e madura. “Ela encontrou o caminho do meio”, acreditam alguns. Mas em 2000, casa-se novamente, dá à luz Rocco, seu segundo filho, em seguida produz e lança um novo álbum, sem compromisso. Ela quer se divertir e divertir os fãs. Somente "Madge" é capaz de unir o “cowtry” e o pop em uma mesma linguagem bacana. Pra variar? A fórmula deu certo, tão certo que caiu na estrada depois de oito anos sem turnê. Encantou olhos e ouvidos por onde passou. Mas apenas dois anos mais tarde, inconformada com o estilo de vida norte-americano e com a Guerra do Iraque, produz uma coletânea de músicas com som pesado, "sujo" e com letras baseadas na constante busca da evolução espiritual. Para alguns, o maior fracasso da sua carreira, para outros, um disco mal interpretado. Para mim? Bom, o defino como genial. Escritora, sim, ela escreveu cinco livros infantis baseados nos ensinamentos da Cabala. Buscando um novo público? Engajada? Supersticiosa? Publicidade? Ninguém sabe o que passa pela sua cabeça, mas tem dado certo, ela está sob os holofotes há mais de 20 anos.

Cansada de ser questionada sobre seu engajamento político e religioso, querendo dar um presente aos fãs do “além arco-íris” e novamente divertir o mundo já que ele está cheio de mazelas, Madonna lançou em novembro de 2005, “Confessions On a Dance Floor”, com 11 músicas, que remontam uma pista de dança e um “setlist” de Dj, sem aquele espaço silencioso entre as faixas. As letras falam de amores que “não andam”, em diversão, em poder de decisão, simplesmente um álbum que tem proporcionado aos “clubber’s” diversão garantida nas noites. Além de retomar à sonoridade “dance”, a cantora desenvolveu uma linguagem visual que mistura os Anos 70 e 80, com a modernidade de hoje. Elementos que somente Madonna é capaz de fundir tão bem.

Política, religiosa, “material girl”, humanitária, selvagem, erótica, romântica, “cowgirl”, “lady” inglesa, polêmica, feminista, mística, a “persona” não importa, Madonna sempre rende novas tendências para a moda, para a crítica, para quem gosta de ver e ouvir o novo, o provoca a mistura de estilos que fazem da raça humana algo tão fabuloso e tão simples. Estas duas facetas sempre ao lado uma da outra é que tem sustentado a carreira dessa cantora que aprendeu que música pode envolver identidade, teatralidade e reinvenção. Salve a Rainha do Pop, ela tem dado vida a personagens como nós! Ou você nunca se identificou com nenhuma de suas faces?
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19 de mai. de 2006

Um Segredo para Guardar?

Cartaz de divulgação do filme: O Segredo de Brokeback Moutain
Você tem um segredo? Quantos ainda guarda? Ou gostaria de ter um? Alguns os mantém por medo, outros por privacidade, existem aqueles que acreditam ser a melhor forma de manter o equilíbrio do seu próprio universo. O sigilo pode abrigar um delito, uma fantasia, um defeito, um sonho, uma história ou simplesmente um sentimento. Mas, às vezes chega o dia em que ficam impossíveis de serem sustentados. Um exemplo foi o retrato cinematográfico dos cowboys do filme “O Segredo de Brokeback Mountain”. Os segredos muitas vezes não conseguem sobreviver. Quanto vale o seu? Por que a curiosidade é a madrasta perversa que ronda as mentes sobre a vida alheia?

Atualmente, Apolos e Jacintos continuam a guardar segredos, mas é inegável a força que possuem dentro da sociedade organizada. Estão por trás de movimentos empresariais, nos segmentos culturais, permeiam as famílias e estão nos círculos de amizade. Estão por todos os lados. Sinais de que os tempos estejam mudando? Talvez, mas sabe-se também, que muito se faz contra as minorias que buscam simplesmente encontrar no seu companheiro um recanto de paz. A sociedade chamada de contemporânea, só poderá manter o seu título se transformar o preconceito em respeito, consciência que parece estar nascendo, verdade, aos poucos, sejamos otimistas.

O cinema talvez seja uma das linguagens mais populares hoje em dia para divulgar, expandir idéias e conceitos, não sendo diferente quando o assunto é a relação entre pessoas do mesmo sexo. Possivelmente existam filmes melhores e mais políticos sobre o mundo gay, a verdade é que fazia muito tempo que não se via um com tanto espaço na mídia e visto por tantas “tribos” diferentes. Segundo uma matéria publicada no site Folha OnLine, no mês de fevereiro, parece que ter no enredo de um filme o amor entre dois homens não causa mais tanta estranheza, “... ver beijos e histórias de amor entre pessoas do mesmo sexo virou a demanda do momento, que extrapola o "mundinho" dos descolados. Na platéia, todo tipo de perfil: dos namorados adolescentes (menina e menino) ao casal de aposentados. Abrir os ouvidos após uma sessão de "Brokeback" é uma oportunidade de capturar essa diversidade e levantar questionamentos: o filme influencia um enrustido a sair do armário? Os gays assumidos vão se expor mais em público? Haverá uma reação homofóbica e até violenta à tamanha auto-afirmação?”. Perguntas que ainda serão respondidas por todos nós, a humanidade precisa caminhar.

Em filmes como “O Padre”, “Quando a Noite Cai”, “As Horas”, “Alexandre”, e o recém lançado aqui no Brasil “Meu Amor de Verão”, é possível ver em um cinema com apelo comercial, as diferentes formas dos amores gays, em épocas distintas, por ângulos e ocasiões opostas. Válidos para tornar público e tirar dos guetos o que nunca deveria ter sido crime, motivo de perseguição religiosa, preconceito ou violência física e psicológica.

Contando segredos, sendo Apolos ou Jacintos, Romeus e Julietas, não importa, o que está em pauta é o respeito. A aceitação é opcional, mas que o mundo fica muito melhor com a diversidade de etnias, religiões, vertentes políticas, entre outros aspectos que constroem o ser humano, é inegável. Então por que não acrescentar em todos estes aspectos a orientação sexual?

Melhor é guardar segredo por livre e espontânea vontade, pior é tê-lo que manter por vergonha, medo ou obrigação. Que os seres humanos sejam mais humanos uns com os outros.