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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

7 de set. de 2010

Amor, Rotina e Fim

Há tempos sem escrever. Eis que a inspiração me faltava. Ou talvez ainda falte. O porque disso não sei. Mas em certos momentos é melhor calar-se do que dizer qualquer coisa. Sábio quem antecipou estas palavras quando algo lhe escapava do senso de criatividade. E lendo uma reportagem antiga da revista Super Interessante, da edição de Maio de 2010, na qual era a capa, resolvi me colocar à frente do teclado.

Naquela edição a revista trouxe três capas especiais com os seguintes títulos: Amor, Rotina, Fim. Como pode perceber, o assunto que se aborda nas páginas internas são destinadas aos nossos relacionamentos amorosos, tão humanos e erroneamentes concebidos nas inúmeras vezes que nos apaixonamos.

Cientistas “descobriram” porque os relacionamentos não seguem a máxima  de que “é para sempre” ou “até  que a morte nos separe”, provando de que apesar de milhares de anos de “evolução” sentimental, ainda temos muitos dos nossos instintos de sobrevivência e que somos incapazes de dar atenção a eles.

Na reportagem fica claro que o amor nem sempre é um mistério da vida e que a rotina, por exemplo, é algo importante na organização social, na construção de famílias, acumulos de riquezas e até mesmo na nossa longividade. Porém, nem tudo dura para sempre e estes mesmos relacionamentos muitas vezes acabam, geralmente sete anos depois. Entendeu agora da onde vem a “tese”da crise dos sete anos do casamento? Ok, tem gente que tem esta crise no primeiro, terceiro ano em que divide a vida de verdade com alguém, mas como sabemos, as regras são quebradas a todo instante por excessões.
Quem nunca se apaixonou? Falo daquela paixão enlouquecida, que nos permeia dia e noite. No trabalho, nas horas em que tentamos ler um livro e o pensamento teima em correr ao encontro do ser amado. Todo mundo que já passou por esta experiência sabe o quanto mudamos, ficamos irreconhecíveis… até de nós mesmos. Melhor que isso, só quando é recíproco, quando se concretiza e os planos de viver a dois se tornam bem reais. Daquele tipo em que dividir a pasta de dente e as contas são coisas corriqueiras do dia a dia. Depois da difícil tarefa de encontrar a pessoa pretendida, pois a concorrência é gigantesca, vem os obstáculos rotineiros. Dar menos importância aos defeitinhos que não enxergava no outro antes, no calor da emoção.

Agora com os sentimentos mais definidos, mais claros, percebemos que a rotina pode ser um temível vilão na existência do casal. Eu particularmente nem acho isso dela, mas que às vezes da medo, isso dá! E passado por todos os perrengues que pode ser dividir a cama e a casa com outra pessoa, num certo momento, descobre-se que um dos dois não está mais muito interessado naquele sentimento que os uniu. Surgem as brigas, os conceitos de vivência aparecem como rusgas e o que se aproximava silenciosamente chega de vez: O fim. Terminada a relação, vem o período de revolta, dor e luto.

É aqui que a ciência tenta justificar até por meio de equações o que aos olhos de quem sofre é injustificável. Para que isso realmente possa acontecer, precisamos voltar no tempo. Lá na época em que nosos ancestrais passaram a descer das árvores e viverem erectos, dificultando assim, a permanência dos filhotes agarrados às costas das mães, as impossibilitando de se defender e procurarem o próprio alimento. Foi aí que os homens entraram e passaram a cuidar delas e dos filhos, já que eles são portadores dos seus genes. Como se sabe, uma criança leva no mínimo de sete a oito anos para se tornar minimamente independete. E quando isso acontecia, os pais abandonavam as mães para a busca de novas “aventuras sexuais” dando continuidade ao que hoje conhecemos e simbólicamente chamamos de “sobrenome”! Juntou as pecinhas? Incrível, não?!
Podemos afirmar que nesta evolução, conseguimos dar a volta e colocar os sentimentos no meio de toda esta praticidade primitiva. Se isso é bom ou ruim no fim das contas eu não sei… mas que coloriu a vida de todo mundo isso é verdade. Os estudiosos citam sentimentos como  o ciúmes, sendo uma espécie de termômetro da relação, deixando um alerta ligado e favorecendo assim, a monogamia, claro, na dose certa, sem exageros e nem com caráter patológico.

E antes que se pergutem, os estudos tentam explicar aqueles casais que anos após anos continuam juntos. Podem parecer um grupo pequeno, como realmente são, mas os cérebros deles também são diferenciados nas áreas correspondentes ao que diz respeito a relacionamentos. O importante é dizer que ninguém tem a resposta do por que isso acontece, pelo menos por agora.

O fato é que somados a nossas heranças genéticas, antropológicas e psiquicas, passamos a tolerar cada vez menos uns aos outros. Dias que não acabam, trabalhos que não cessam, metas inalcansáveis de beleza, sucesso e anseios nunca satisfeitos devem colaborar para a crise dos sete anos. Para aqueles que não acreditam nela, boa sorte e empenho… votos de felicidades! Para aqueles que passam por isso ou já passaram, como diz o final da reportagem da Super Interessante, o bom é saber que é possível tentar novamente, sempre que for preciso. Afinal não tem graça nenhuma ser feliz sozinho.