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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

6 de abr. de 2009

A Liberdade da Internet Questionada

O amadorismo da Internet pode destruir a cultura?
Se você acredita que a Internet seja o sinônimo de democracia por proporcionar a troca de informações, de ter a liberdade de escolha na hora de ler, ouvir ou assistir, saiba que existe quem pense exatamente ao contrário e inclui ainda a “apêndice”: este fenômeno da atualidade pode destruir a cultura.

O caderno “Prosa & Verso” do jornal O Globo, publicou no último dia 04 de Abril, uma matéria de duas páginas sobre uma grande polêmica que já roda o mundo e agora promete mexer com os brasileiros - já que somos uma das sociedades que mais tempo passa conectada à Internet – devido o lançamento do livro “O Culto ao Amador”, assinado pelo teórico Andrew Keen. Segundo o autor, passamos por uma inversão de valores quanto o que é cultura e quem à faz, condenando assim, tudo o que faz parte da Web feito por pessoas sem nenhuma especialização sobre o assunto que escolhem “decorrer”.

Andrew garante que a proliferação de sites, blogs, o compartilhamento de músicas e outros documentos podem estar colaborando para a extinção da vida inteligente e de milhares de anos de “evolução do pensar” da civilização humana. Orkut, MySpace, Twitter, Youtube ou mesmo a “cyber” enciclopédia Wikipédia são veículos que transmitem ideiais em sua maioria amadoras, sem nenhum embasamento teórico ou então com fontes duvidosas. Qualquer um pode escrever ou falar sobre qualquer coisa, basta estar à frente de um teclado “plugado” à grande rede mundial de computadores.

O livro que já foi publicado nos EUA em 2007 e até hoje é motivo de discussões acaloradas sobre as “verdades” e o pessimismo de Keen, teve uma pequena mostra na entrevista feita pelo Jornal O Globo. Perguntado se a Internet está “matando” a capacidade de criar da humanidade ou a industria cultural, estabelecida como modelo de sucesso durante o século XX, como distribuidora de conteúdo pago, ele afirmou que acredita que a comercialização pode estar gravemente afetada. Editoras, gravadoras e jornais já sentem os efeitos destes novos tempos, fato inegável.

A grande questão levantada por Andrew é a de que não existe um “modelo padrão” para o conteúdo produzido para a Internet e que esta suposta democratização da mídia, coloca em risco a qualidade destes “produtos culturais”, feitos sem orientação ou filtros.

O “amador” está cada vez mais presente e não se limita à Internet. É correto afirmar que passamos a consumir passivamente qualquer conteúdo “postado”, o acesso à informação está mais fácil, mais acessível, diferente das bibliotecas, por exemplo, que encontram naturalmente uma espécie de barreira, mas onde sabe-se que existe uma vasta produção “lado b”.

E como tem sido desde que o mundo é considerado mundo, espera-se que a “seleção natural” prevaleça, mesmo que leve algum tempo para nos emanciparmos definitivamente desta nova tecnologia. E que esta liberdade, hoje vista com desconfiança, possa ser entendida como necessária para uma afirmação de que os tempos mudaram e que velhas “instituições”, sejam do pensamento ou do comércio, precisam ser atualizadas.