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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

22 de abr. de 2010

O Poder Corrompe


Quem nunca ouviu a frase “O poder subiu à cabeça”? Pois bem, parece que ela passou do simples conteúdo empírico para o científico, registrado, pesquisado e assinado por um estudioso norte-americano. Através de um trabalho publicado pelo pesquisador Adam Galinsky, da Kellogg School of Management, nos EUA, o poder pode mostrar quem realmente somos e isso significa que a linha entre o abuso da autoridade é fácil de ser implantado no meio social, seja ele qual for. Fato mais que reconhecido por todos.

Sobre este assunto, a Revista Época trouxe uma entrevista interessante com Galinsky, em uma das suas edições do mês de Março e destaca a afirmação de que o poder corrompe. E esta conclusão só foi possível através de vários experimentos com voluntários, submetidos à dinâmicas em dois grupos. Isolados em pequenos ambientes estes grupos puderam oferecer certas conclusões.

Uma delas foi de que ambos os grupos alteraram valores para ganhar a pontuação necessária, mas o grupo vencedor trapaceou ainda mais. O que se percebe na pesquisa é de que o indivíduo que detem maior poder sobre o restante do grupo se acha no direito em não seguir algumas regras estabelecidas e pedem desculpas hipócritas sobre os próprios erros, quando não perdoa o dos outros.


Apesar do poder deixar a pessoa no centro das atenções, elas geralmente se rendem aos seus encantos negativos. E talvez o motivo para que isso aconteça é o fato da sensação de estar “blindado”, fortificado e protegido por um manto invisível de que nada o fará “cair”. E segundo Adam, o poder não só muda a pessoa, como também a revela verdadeiramente, principalmente quando são submetidas a situações onde possam atuar plenamente. A ética pode faltar ou ficar “relaxada” e a mesquinharia ganha padrões enormes.

Outro dado importante da pesquisa é que quando “poderosos” são flagrados praticando qualquer irregulariade, mostram-se pouco arrependidos , tudo isso porque acham que devem ser isentos de qualquer responsabilidade das quais estão sendo cobrados.

E este assunto chama a atenção não é à toa. O Brasil há muito tempo vem sofrendo com a questão do poder, seja em qualquer esfera da sociedade. Do porteiro do prédio onde se mora até quem governa o país. Está certo que isso não é uma exclusividade brasileira, até porque existem países que as histórias de luta e abuso de poder transcendem as páginas de jornais, revistas e documentos, mas como vivemos "in loco" certas experências, é melhor ficar restrito por aqui… há tanto o que se fazer neste “país mulato e inzoneiro”.


Comemoramos por estes dias os 50 anos de Brasília. Um sonho criado, tirado do papel, um resumo do que é o Brasil, a miscegenação de etnias, das lutas pessoais e coletivas, da ordem e do progresso. Mas epicentro de escândalos politicos e econômicos também, que só são possíveis porque os poderosos se julgam tão importantes como os olímpicos heróis da mitologia grega. E o restante, nós, passamos a ficar “abobados” com tamanha cara-de-pau e força que demos a eles. É impossível negar que só existe um “poderoso” se existirem alguns “dominados”. É difícil imaginar como seriamos sem toda esta hierarquia, mas precisamos, todos, aprender a lidar com o poder. Clichê? Sim, mas que o poder corrompe também é! E aí?

O poder é difícil, é sedutor, é incrível, mas não se pode esquecer o quanto é opressivo e sem graça quando somos as vítimas de um poderoso já revelado. Em 2010 daremos poder a alguém, pensamos bem, pois este alguém exercerá sobre nós. E não esqueçamos, o poder muda as pessoas, geralmente, para pior! E neste caso, é melhor não esperar por milagres… até porque somos humanos, não é mesmo?!