81'

"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

27 de mai. de 2009

Ugly Betty: A Nerd da Hora

A carismática Betty é nerd até as raízes dos fios de cabelo, por enquanto!
A vingança dos nerds não poderia ser melhor. Deixaram para trás preconceitos e hoje tornaram -se sinônimo de elogio, principalmente por causa das novas tecnologias que tanto dominam. Para comemorar e provar todo este progresso de ganho de espaço na sociedade moderna, desde 2006, o dia 25 de Maio passou a ser conhecido como o "Dia do Orgulho Nerd". A ideia de se reservar esta data para "elevar" aqueles indivíduos considerados estranhos, de óculos e roupas xadrezes, surgiu na Espanha. E engana-se quem acredita que esta data foi escolhida a exmo. Neste mesmo dia, em 1977, era lançado o primeiro filme da série "Star Wars" e o longa a partir daí, passou a fazer parte da "cultura nerd", sendo um dos ícones desta turma.

Pensando sobre este assunto que rondou entre matérias na Tv e em jornais, resolvi trazer à luz do blog um assunto que já estava pautado em minha agenda fazia algum tempo, antes mesmo de ser reforçado pela '”febre" Susan Boyle. O tal assunto trata-se de Betty Suarez, protagonista da série de televisão norte-americana "Ugly Betty", que tem atraído cerca de 13 milhões de espectadores uma vez por semana, interessados nas aventuras e desventuras de uma típica nerd. Betty é interpretada pela atriz America Ferrera, que sofreu uma grande transformação para poder viver a personagem.

Betty é recém formada em jornalismo, com sede por trabalho. Feia, desajeitada, cafona, inocente e carismática, foi contratada para ser assistente de Daniel Meade, o novo "editor-galã" da famosa e conhecida revista de moda, chamada "Mode". Neste universo belo, mas "selvagem", Suarez precisa matar um leão por dia, literalmente. Entre dramas e comédias, ela resolve os problemas do chefe sejam eles quais forem, pois variam entre os inúmeros casos amorosos às conspirações elaboradas da editora de arte Wilhermina - vivida por Vanessa Williams -; dos problemas com o álcool e com a justiça, da mãe; e da forma como o pai o trata; ou ainda, da mudança de sexo do irmão mais velho.

Além disso, Betty ainda precisa provar que não é só mais uma "CDF" - Será que alguém ainda usa este termo jocoso? - para os colegas do trabalho. E quando chega em casa encontra problemas ainda maiores, como o desemprego da irmã e a possível deportação do pai para o México. Parece que o único que adora o novo emprego da moça é o sobrinho Justin, apaixonado por musicais, o que pode justificar o interesse/ fascíneo do pré-adolescente pela "fashion magazine"! Hilário!

"Ugly Betty" é baseada em uma novela colombiana que fez enorme sucesso em toda a América Latina, inclusive no Brasil em 2002, quando foi exibida pela Rede Tv!. Para o segundo semestre de 2009, está prevista uma versão "brasileña" da mesma novela na grade da Rede Record.

Depois de torna-se um fenômeno em tantos países, a atriz Salma Hayek comprou os direitos de produção e adaptou a história, prevendo o êxito de um enredo com pitadas de drama mexicano nos EUA. O cenário mudou, hoje a história se passa em Nova York e é transmitida pela rede de televisão ABC. A primeira temporada estreou em Setembro de 2006 e atualmente lá, estão sendo vistos os episódios da terceira. O sucesso da audiência se dá por muitos motivos: bom roteiro, elenco afiado, participações de celebridades do show biz - Naomi Campbell, Victória Beckhan e Lindsay Lohan -, piadas de humor-negro, crítica social embutida entre um riso ou uma lágrima.

Com o sucesso, veio a venda das temporadas pelo mundo à fora. No Brasil a série é exibida pelo canal Sony Entertainment na Tv paga, e pelo SBT. Para coroar a história da nerd da hora, em 2006 ganhou os prêmios de "Melhor Série - Comédia ou Musical" e de "Melhor Atriz de Série e Tv - Comédia ou Musical" no Golden Globe Awards; e em 2007, foi premiada com o título de "Melhor Atriz em Série Cômica" no Emmy Awards.

Betty talvez seja a história do patinho feio dos nossos tempos. Vivemos um momento paradoxo, cultuamos a beleza e os seus editorias, mas em contra partida precisamos de fábulas onde encontramos alguma identificação. Estamos cansados dos padrões estéticos? Gostamos mais das Gatas Borralheiras? Mas no fundo, lá no fundo esperamos ansiosos pela virada da personagem de America, quando ela surgirá linda, deslumbrante, sem aparelho nos dentes, óculos e com as sobrancelhas mais finas. Isso completará o final feliz. Ela se tornará a Cinderela e viverá um romance com o príncipe/ editor. Olha o ato falho aí... a psicanálise com certeza deve explicar isso. O homem, ser complexo em sua frivolidade. Mesmo assim, amamos a Betty pelo o que ela já é e não pelo que virá a ser, tenho certeza de que é este o segredo por trás desta jovem possível e imaginável.

1 de mai. de 2009

A Onda Anos 80

Tuff Turf: Resurgiu na minha memória com a volta dos Anos 80
Chegou a vez da Década de 1980 entrar na moda. As “ondas da revisita” escolheram os anos de cores fluors para protagonizar este momento. No mundo fashion, as referências já aparecem nas passarelas e entre os mais descolados indivíduos. A cintura voltou a subir, a calça ficou justa, o volume dos ombros é evidente. A música tem resgatado sonoridades e artistas que fizeram sucesso há mais de 20 anos e que agora voltam à cena. Filmes da época, tornaram-se cult e hoje chamam a atenção de quem faz a cabeça.

Desde que fui atingido por esta "onda oitentista", comecei a lembrar de um filme, lançado em 1985, chamado
“Tuff Turf”, mas enfrentava dificuldades em lembrar de maiores detalhes sobre o roteiro, pois quando o assisti, não deveria ter mais do que sete anos. Pois bem, recentemente, encontraram o filme em um destes sites de downloads para mim. Não pude resisti e o vi novamente - detalhe, ninguém comercializou, foi apenas para a minha humilde e nula apreciação, até porque é raro encontrá-lo em locadoras ou sites de venda de DVDs.

Incrivelmente, a cada minuto que se passava, o filme despertava e aguçava a minha lembrança. De como precisei driblar a minha mãe para assisti-lo. De como a imagem daquela garota de cabelo longo, de fios loiros e frisados me encantou e de como sonhava com a bicicleta do mocinho. Claro que depois que o assisti, cheguei na escola e queria comentar com os colegas sobre o que tinha visto, mas a maioria limitava-se a falar de desenhos dos estúdios da Walt Disney ou similares. Talvez aí tenha surgido a minha primeira frustração com os amigos escolares.

"Tuff Turf", que no Brasil também recebeu o título de “Rebelde”, tinha no elenco nomes até então desconhecidos, mas que anos mais tarde se tornariam famosos tanto pelos trabalhos quanto pela vida pessoal, como é o caso de Robert Downey Jr., que curiosamente na época ainda não usava o Júnior. O papel principal era o de James Spader, que anos depois ganhou o prêmio em Cannes de "Melhor Ator", pelo longa "Sexo, Mentiras e Videotapes".

A história de "Tuff Turf" mostra a diversidade da cultura norte-americana e uma juventude de baixa renda, desacreditada, envolvida com drogas e delitos. Morgan, papel de Spader, é um jovem rebelde e inteligente, que muda-se para Los Angeles, depois que a família faliu nos negócios. O pai vira taxisista, o irmão é o exemplo do bom moço e referência de sucesso para a mãe. O rebelde rapaz, volta aos estudos e apaixona-se por Frankie e adivinhem, ela é a namorada do líder de uma gangue. E assim segue-se o filme, Morgan mostrando um outro mundo para a pretendida namorada e despertando a ira do rival.

Com o passar do tempo, passamos naturalmente a nos sentir mais nostálgicos. Não sei o motivo, mas com esta "onda Anos 80", lembrei do que me despertavam os sentidos na infância e que felizmente carregamos como referência para o resto da vida. Lembro do vídeo game Atari, que emprestava do meu tio, da fábrica de sucessos que Michael Jackson foi, da jovem abusada e transgressora Madonna, do desenho "Jem e As Hologramas" - alguém lembra disso além de mim? -, da abertura do Fantástico, das músicas do Cazuza e Marina Lima, da novela "Fera Radical", da minha bike Monark amarela e preta, dos filmes "Flashdance", "Blade Runner" e "Ruas de Fogo". Não dá para esquecer, dá?!