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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

18 de jun. de 2009

Monsieur YSL

Uma das grandes atrações para a comemoração do Ano da França no Brasil, em 2009, é a exposição “Yves Saint Laurent – Viagens Extraordinárias”, no Centro Cultural do Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro.

A exposição reúne 50 figurinos completos das famosas coleções inspiradas na Espanha, Rússia, China, Marrocos, Índia, Japão e África. É daí que vem o título da reunião do acervo apresentado. Uma das grandes curiosidades é a de que Yves Saint Laurent nunca viajou para estes países e mesmo assim, conseguiu traduzir toda a riqueza daquelas culturas nos detalhes das peças, que vestem manequins idealizados pelo próprio estilista, dando uma impressão de unidade na apresentação de cada look através das poses ou do “ar elegante” que pretendem representar.

Além dos figurinos, estão na exposição 30 croquis originais, provando o talento que tinha como ilustrador. O que também fica evidente nos cartões que desenhava e enviava aos amigos a cada final de ano. Destes cartões, foram feitas ampliações, que estão suspensas no “vão” do Centro Cultural.

E depois de encantar-se com as cores, bordados, tecidos, transparências, volumes e detalhes das roupas, pode-se se assistir a dois vídeos – em um, Laurent responde perguntas sobre a vida pessoal e profissional; já o outro, é o registro do último desfile feito pela sua maison, em 2002, no Centro Georges Pompidou, com um grandioso casting de modelos famosas e com ares de “melhores momentos”. Entre as tops estavam Claudia Schiffer, Carla Bruni, Jerry Hall, Naomi Campbell, Raquel Zimmermann, entre outras que ajudaram a construir a história da grife que criou peças de roupas que foram por anos sonho de consumo de milhares de mulheres.

Conversando com amigos que já visitaram a exposição, todos fizeram um comentário curioso: É possível ver que a visitação fugiu do círculo “fashionista”, talvez porque Yves Saint Laurent fazia mais que moda. Entre o talento, a timidez e as excentricidades é possível reconhecer um artista único e revolucionário, que ao invés de mostrar suas obras em uma galeria de arte, às apresentava em uma passarela.

A exposição tem a curadoria da Fundação idealizada por Yves e viabilizada pelo companheiro afetivo de 50 anos, Pierre Bergé, que atualmente tem a sede na antiga maison em Paris. Esta mesma fundação tem a responsabilidade na organização de exposições, recuperação e manutenção dos figurinos que foram criadas ao longo de mais de quatro décadas, além de apoiar estudantes de moda.

Yves Saint Laurent morreu aos 71 anos, em Junho de 2008. Começou sua carreira na moda com Christian Dior e com a sua morte, passou a ser o responsável pela criação da grife, famosa pelo New Look. Mas logo em seguida, resolveu abrir a sua própria “casa”, consagrando-se como sinônimo de elegância, sofisticação e formas perfeitas na construção de roupas memoráveis. Revolucionou a forma de criar e vender moda, foi o primeiro a abrir uma grife prêt-à-port a partir do nome de um grande e famoso criador. Depois disso, o smoking, a calça comprida e as peças safári não só entraram para o guarda-roupa feminino, como se consagraram no panteão mitológico do universo da moda.

“Yves Saint Laurent – Viagens Extraordinárias” fica em cartaz até o dia 19 de Julho e não exige pagamento de entrada e nem o entendimento profundo de viés, pregas, tecidos, estamparia, corte ou aplicações, basta apenas gostar e apreciar o belo através de obras de arte que podem ser vestidas, nem que seja somente por alguma “super-model”. E se você é apaixonado por moda, então, é o programa que veste o seu interesse no tamanho certo, sob medida. E sem trocadilhos.