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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

6 de set. de 2009

Se Auto-Sabotando


Quando percebia o meu comportamento e o de familiares, amigos ou conhecidos se repetindo, sempre me perguntava: Por que as pessoas fazem isso, se sabem as consequências? Por que persistem em andar por este caminho, se já comprovou que ele não tem saída? Depois de muito tempo, eis que estou assistindo o programa “Saia Justa”, do canal GNT e um dos assuntos abordados pelas debatedoras era exatamente um livro chamado “O Ciclo da Auto-Sabotagem”, que tratava extamente sobre a forma como as pessoas repetem posturas, muitas vezes nocivas para o convivio na família, no trabalho ou no círculo de amizades. Então, fui procurá-lo para tentar identificar onde e quando o auto-sabotamento acontece.
O autor do livro, o psicólogo Stanley Rosner, Ph.D. e com mais de 40 anos de experiências no divã, trata do assunto de forma precisa, clara e direta quando reconstrói cenas sobre a auto-sabotagem de seus pacientes. Ao longo das quase 200 páginas, ele mostra os “vicíos” que nós todos temos em relação a repetição de certos comportamentos. Através dos relatos dos seus pacientes, é possível nos reconhecermos fácilmente, se não por completo, pelo menos em alguns momentos nos enxergamos claramente.
 
Os sintomas de que estamos repetindo nossas atitudes de forma negativa são as brigas, as constantes insatisfações, os casamentos abalados, a falta de estimulo, as exigências inalcansáveis consigo mesmo e com os outros. E quando isso acontece, o passo seguinte, normalmente é desabafar  com os amigos  e em seguida o mais apropriado, seria a procura pela ajuda de um profissional. Mas depois deste reconhecimento por ajuda, vem outro grande problema: aceitar que mudanças precisam ser feitas para que seja quebrado, estirpado a auto-sabotagem, o que nem sempre é fácil. “Expor vulnerabilidades e encarar questões desagradáveis que foram sepultadas há muito tempo é uma etapa preleminar necessária e, às vezes, a parte mais difícil do processo – transformar aquele reconhecimento em uma mudança de comportamento -, porque a mudança não é um exercício intelectual. Se o reconhecimento não for internalizado, sentido, elaborado, nada vai mudar”, cita Rosner.

Um dos motivos de muitas pessoas passarem a vida se auto-sabotando é o medo às mudanças e isso reflete-se nos relacionamentos amorosos, quando encontramos no parceiro o pai opressor ou a mãe dominadora;  e ainda, no trabalho quando estamos prestes a sermos promovidos -  e muitas vezes inconscientemente – achamos qualquer motivo e assim, pedimos demissão ou fazemos algo de errado no momento crucial da nossa carreira. Acredite, a “gama” das nossas auto-sabotagens não para por aí. Estamos sugeitos a um enorme leque de repetições, não só aquelas que nós mesmos nos colocamos à força, mas também podemos ser vítimas de sonhos não realizados de outras pessoas e na maioria das vezes, não conseguimos romper com estas vontades alheias que de uma forma ou de outra nos transformam em reféns.

A lição que se aprende com o livro  e que reproduzo aqui é : “Significa ser capaz de aceitar-se como um ser humano real, com direitos e obrigações, virtudes e fragilidades. Significa que o indivíduo deve aceitar que não precisa mais perseguir grandes objetivos, sem enaltecer-se todo o momento. Mas, também, significa não se ver como impotente nem como a vítima oprimida. Significa aceitar a mortalidade e suas limitações”. E também, “É mais fácil agir, perpetuar o comportamento de auto-sabotagem do que enfrentar as decepções do passado. É mais fácil viver a vida como um robô do que um ser humano sensível, e, possívelmente, deprimido. É mais fácil fracassar ou retrair-se do que sentir dor”. Depois de lermos o livro, aquele velho ditado – “Nós somos os nossos maiores inimigos” – faz bem mais sentido.