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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

27 de jan. de 2009

Meu Dramalhão Favorito

A novela “A Favorita” mal acabou e já deixa saudade. Depois de acompanhar fielmente durante meses a novela da Rede Globo, devo admitir que sou um noveleiro em potencial. Mas também é preciso esclarecer que poucas me divertiram e me emocionaram tanto quanto “A Favorita”. Lembro-me com a mesma saudade de “A Viagem”, remake de 1994, e de “Força de um Desejo”, de 1999.

As chamadas da história de João Emanuel Carneiro antes da estréia, durante a programação, já indicava o que viria pela frente. Nelas era possível ver as atrizes Claudia Raia (Donatela) e Patrícia Pillar (Flora) falando o mesmo texto, onde acusavam uma a outra pelo assassinato de Marcelo Fontini. Então, o folhetim estreou no horário nobre com as seguintes dúvidas: Qual das duas protagonistas teria matado Marcelo? Teria Flora pagado por um crime que não cometeu? Donatela, a perua, seria tão dissimulada que enganou a família Fontini durante 18 anos?

Dois meses se passaram, o público noveleiro do Brasil não acostumado com o “joguinho psicológico” da trama principal, começou a abandonar a história. Flora “pressionada” pelo Ibope revelou ao telespectador que era a única culpada pelo tal assassinato. E a partir daí, passou a ser autora de inúmeras maldades que se refletiram em infortúnios para muitos personagens.

Nos capítulos seguintes, Donatela caiu em desgraça. Ela foi presa, abandonada, forjou a própria morte e o restante da saga é fácil de lembrar, pois ainda está fresca na memória. A mocinha passou o restante da trama tentando provar que era inocente e procurando por provas capazes de incriminar a sua irmã adotiva e companheira de palco dos áureos tempos da dupla sertaneja Faísca e Espuleta.

Ao contrário da grande maioria das novelas que a antecederam, “A Favorita” criou uma linguagem própria, fosse pelo posicionamento dos atores em cena, pela trilha sonora, pelo ritmo da história, sempre acelerado e sem enrolação. Não podia-se ficar um dia sem ver a novela, pois tudo acontecia e os personagens tomavam outros rumos. O autor não economizava histórias e nem humanidade aos personagens. Até a mocinha apresentava fragilidades comuns e errava nos julgamentos. Desta vez, não abandonei a trama no meio, como tenho feito nos últimos anos. Se não assistia aos capítulos, via mais tarde pelo
site da novela, ou gravava através do velho e bom vídeo cassete.

Fugindo dos tradicionais clichês da teledramaturgia, “A Favorita” acabou conquistando o telespectador brasileiro, fazendo a audiência se consolidar. O que se provou, foi que é possível fazer algo inovador e que cumpra o seu principal papel: entreter. Se no primeiro momento o público rejeitou as inovações, logo depois acabou as aceitando. É preciso inserir aos poucos estas “saudáveis” mudanças a um veículo de massa como a televisão, engessado pela audiência ou por idéias desgastadas.

“A Favorita” foi um marco para a televisão e suas telenovelas, mesmo quando paramos para analisar os fracos núcleos que cercaram a trama principal, como o da mulher que traia o marido e como “castigo” foi achincalhada pela cidade inteira e depois teve a redenção com a morte. Ou a falta de coragem em assumir um possível romance/ aventura sexual entre duas mulheres maduras. Fora estes “moralismos“ que não conversavam com o restante, a novela chegou ao seu final com a missão cumprida: nos encheu de sensações típicas e que só encontramos em um cafona, porém delicioso dramalhão.

7 de jan. de 2009

Plutão em Capricónio

Em 2009, o tempo correrá a favor da mudança, da reoganização
Depois de darmos as felicitações e reforçar os votos de paz, prosperidade e saúde para os entes queridos, de pularmos as sete ondas, de vermos os fogos que anunciam um novo ano, é chegada a hora de respirarmos fundo e alimentarmos todos os nossos desejos não realizados em 2008 e esquecer velhas mágoas e desilusões, pois segundo os astros, o próximo ano será de grandes transformações no universo. Estejamos preparados.

Jornais, revistas e programas de televisão transbordam de reportagens com astrólogos, videntes, sensitivos e afins na véspera de ano novo e nos primeiros dias de 2009, profetizando e esclarecendo como ficar atento às armadilhas da vivência.

Segundo os astrólogos, iniciou em Janeiro de 2008, a trajetória de Plutão em Capricórnio, período que se estenderá até novembro 2024. Para os leigos como eu, isso fica um pouco confuso, mas quando prestamos atenção nos fatos que marcaram os últimos 12 meses, tudo fica mais claro, fácil de entender, já que Plutão ou Hades é tido como o deus das profundezas na mitologia grego-romana, simbolizando reviravoltas e a escalada para o topo. Histórias importantes começaram no ano que terminou, tanto no cenário político internacional, assim como na ciência e em tantas outras áreas, mas os desfechos estão longe do fim.

Uma das características deste período segundo a astrologia, são as mudanças, que circulam em outras definições também, como desarrumação, desconstrução, reorganização. Se levarmos em conta que nós, seres humanos, somos avessos à falta do cotidiano seguro, percebemos o quanto será “trabalhoso” 2009. Nas leis dos astros, a vida é um ciclo, tudo que começa, termina e recomeça novamente, de outra maneira, sob novos signos e expectativas.

Então, perguntamos: Se este período só acaba em 2024, por que parece que ele só valerá para este ano? Será que é por causa da guerra declarada no Oriente Médio? Será que é a crise financeira mundial que assola o mundo e dissemina o medo? A falta de tolerância? A tecnologia a favor da reconstrução do Big Bang? Afinal, descobriremos de onde viemos e para onde vamos depois da real explosão da recessão?

Lendo e ouvindo sobre as previsões feitas através dos astros, algo sempre me disse que eles não mentem, teve uma que me chamou muita a atenção, ela foi publicada na Revista Globo, do Jornal O Globo, no dia 28 de Dezembro de 2008, ao final de uma reportagem sobre Claudia Lisboa, uma das astrólogas mais respeitadas e procuradas do Brasil. O trecho diz o seguinte: “A última passagem do sombrio astro por este signo foi no século XVIII e vimos a Revolução Industrial, a Revolução Francesa, a ascensão da burguesia. Ocorre que as corporações não são ‘imensas quitandas’ que produzem quantidades enormes de produtos – materialidade - , mas servem de fonte de renda ao submundo financeiro. O que nos cabe neste tempo de transformação é investir em nós mesmos, em vez de contribuir para a ciranda financeira que nos empobrece material e imaterialmente há tempos”.