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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

20 de dez. de 2008

Madonna Vende Doces no Ringue

M-Dolla: foto do Tour Book
Quando caiu na web as músicas “Candy Shop” e “The Beat Goes On”, a primeira impressão foi a de que faltava alguma coisa, pareciam não ter o tempero comum usado por Madonna ao longo da carreira. Mas foi só o CD “Hard Candy” ser lançado, que esta má impressão desapareceu. As músicas estavam incluídas no setlist com novas versões e com sonoridades dignas da Rainha do Pop.

Madonna, então, apresentou-se como M-Dolla, uma boxeadora, com pitadas do universo gangster, apoiando-se em conceitos urbanos e do hip-hop para lançar uma coletânea de músicas inéditas, trabalho feito sob os olhares de produtores negros, talvez um inside, já que meses depois, a cantora demonstraria abertamente durante os próprios shows, que apoiava a candidatura de Obama à presidência dos EUA.

Para divulgar o novo CD e comemorar os seus 50 anos de vida e os 25 de carreira, Madonna voltou às turnês mundiais com a “Sticky & Sweet Tour”. O show foi dividido em quatro blocos: “Pimp”, “Old School”, “Gipsy” e “Rave”. Neles, a cantora amarrou velhos e novos sucessos, transformou o palco em uma fábrica de doces, travestiu-se de “gangasta’, voltou aos Anos 80, pulou corda. Mostrou a cultura cigana através de imagens de mosaicos coloridos nos telões e da presença de músicos do Leste europeu na banda. E para finalizar, Madonna se transformou em uma espécie de boxeadora fashion, que às vezes é nocauteada, mas não desiste nunca. Um dos pontos altos foi quando exibiu imagens de um mundo cheio de contradições no vídeo “Get Stupid” e surgiu no palco como uma heroína de animes, ordenando que seus súditos não parassem de cantar e pular. Foi o momento em que incendiou a platéia com “4 Minutes”, “Ray of Light”, “Like a Prayer”, “Hung Up” e “Give it 2 Me”.

Apesar de alguns críticos terem torcido o nariz para o último disco de Madonna, quem viu a turnê pode conferir que tudo está lá: coreografias elaboradas; figurinos cuidadosamente desenvolvidos para conversar com a história do espetáculo; tecnologia de ponta, seja dos telões móveis, das esteiras, dos alçapões, das luzes, do som ou das projeções dos vídeos.

Depois de 15 anos, a diva voltou ao Brasil para cinco apresentações, duas no Rio de Janeiro (14 e 15 de Dezembro) e três em São Paulo (18, 20 e 21 de Dezembro), encerrando assim, a “Sticky & Sweet”.

Sou fã de Madonna desde a primeira vez que a vi dançando em frente a uma cruz pegando fogo. Era o clipe de “Like a Prayer”. Desde então o fato é que ela tornou-se referência não só para mim, mas para muitas outras pessoas ao redor do mundo. É impossível negar a importância desta artista no mundo da moda, da música, dos negócios, do domínio da própria imagem e do quanto tem interferindo no comportamento da sociedade moderna. Recentemente o jornalista Nelson Motta, disse que é bem possível que ela seja uma das últimas grandes estrelas internacionais.

Pela segunda vez tive a oportunidade de vê-la ao vivo. A primeira foi na “Confessions Tour”, uma experiência única e prazerosa. E a segunda foi agora, com a “Sticky & Sweet”. A emoção foi a mesma, intensa e inovadora. Madonna merece estar sentada no trono, o qual ela não renega e nem se diz pouco a vontade.
Em resumo, M-Dolla acertou em cheio um golpe de direita, seguido de um gancho, sem deixar o doce desandar. Não é de hoje que ela gruda em nossos olhos e ouvidos. Até o próximo round...