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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

25 de jul. de 2006

A Heroína Justiceira: Mamba Negra

Tempestade? Elektra? Mulher-Maravilha? Não! A minha heroína é Mamba Negra
Dia desses, estava assistindo a um programa de entrevistas onde pessoas comuns relatam passagens trágicas de suas vidas. O que me chamou a atenção não foi propriamente o “ocorrido” com a convidada, mas sim, as armas que nós humanos usamos e nos apegamos para poder sobreviver aos percalços da nossa jornada. Resumindo brevemente a história da entrevistada: Uma mulher descobre que está gravemente doente, com poucas chances de cura. Numa tarde em que ficou sozinha em casa, em silêncio, se perguntou aonde encontraria forças para superar mais este grande desafio. Então, lembrou da locadora de vídeos do bairro onde morava. Correu para lá e pediu ao atendente se ele poderia lhe indicar algum filme que pudesse incentivá-la. Para a sua surpresa, o rapaz voltou com Kill Bill vol.1 e Kill Bill vol.2...

O quarto filme do diretor cult Quentin Tarantino, é baseando na luta de uma mulher, conhecida como “Mamba Negra” ou “A Noiva”, que busca vingança. E para matar esta sede é obrigada a enfrentar com frieza os piores e mais dolorosos obstáculos. Depois de formar um grupo de assassinos profissionais, ela desiste de trabalhar para este universo, pois descobre que está grávida. No dia do seu casamento ela recebe a visita inesperada de suas colegas de trabalho e do seu chefe e amante, Bill. Como é possível imaginar, a cerimônia não aconteceu e os convidados foram exterminados. A Noiva acorda depois de longos quatro anos. E parte para a saga.

Segundo o próprio diretor o filme é uma obra que homenageia os estilos bang-bang e kung fu dos Anos 70. Espadas de Samurai, lutas coreógrafadas, cores vibrantes e diálogos ágeis completam este grande mix, que é muito bem definido pelo jornal Folha de São Paulo como “um lindo delírio visual”. Um dos pontos altos do filme é a trilha sonora. Um conjunto muito bem construído: movimento, falas, sons e força.

Quando decidi assistir a este filme, ele ainda estava em cartaz nos cinemas. Sentei-me ansioso e me deslumbrei com o que via a cada minuto. Naquele momento, passei a admirar não só a capacidade de construção e edição deste filme, mas das fórmulas do mundo pop como “fio-condutor” da narrativa. A Noiva era a minha heroína, mas só decidi nomeá-la oficialmente no dia que vi o depoimento daquela mulher no programa “enlatado”, que encontrou na protagonista de Kill Bill o que procurava em si mesma. Tanto que superou a doença e hoje vive normalmente. Por muitas vezes buscamos força e obstinação para conquistar o que colocamos como meta. Nada é muito fácil. Caso contrário a vida não teria muita graça. Bom, é assim que tento confortar a mim e a quem me cerca. Nem na ficção os mocinhos conseguem tudo de graça.

É do homem moderno buscar referências em grandes ícones, sejam eles escritores, pensadores, atores, cantores, personagens de filmes ou de histórias em quadrinhos. O que buscamos são bons exemplos para momentos delicados, pois é quando imaginamos que somente tendo “super-poderes” conseguiremos vencer. Como é possível explicar isso? Mistérios que as profundezas humanas possuem, talvez na verdade, tenhamos um herói escondido em nós, esperando o momento certo para agir.

Leia também: http://www.killbill-lefilm.com

8 de jul. de 2006

Ao Nosso Redor Existe um Universo Pop

Coisas do Mundo Pop: Frida Kaloh e Quentin Tarantino
Há alguns séculos, ser criativo era como ter “algo” a mais, ser especial. Atualmente a criatividade faz parte dos “predicados” básicos para uma pessoa que vive na era da comunicação e dos incríveis avanços tecnológicos. É preciso ser criativo para sobreviver, para amar e continuar a ser amado, dar e receber, se divertir, trabalhar, economizar e descansar.

Durante o século XX, a criatividade ganhou novos rumos e foi sendo usada incansavelmente como um dos atributos mais brilhantes da humanidade. O cinema, a música, as artes plásticas e as cênicas, o rádio, a televisão, as revistas e os editoriais foram instrumentos usados para colocá-la em prática. Para popularizar todos estes “veículos” e todas as formas de expressão, os criadores desenvolveram uma linguagem simples, de fácil acesso, mas não menos rica, para que assim pudessem levar às massas o universo multimídia e colorido que imaginavam. Daí para o nascimento da Cultura Popular foi um pulo. Foi então, em seguida, que a Cultura Popular se tornou Cultura Pop.

A Cultura Pop libertou e incendiou a sociedade moderna. O lirismo, a aristocracia, os pensamentos acadêmicos precisaram ser revistos. Odiada por alguns e idolatrada por outros, a forma popular de se expressar aliou-se ao crescimento econômico de países como os EUA e do Capitalismo como sistema político do mundo Ocidental.

Filmes passaram a ser produzidos em grande escala, criaram-se ícones, ídolos, comer e beber certos produtos tornaram-se regras para que indivíduos pudessem se sentir aceitos em muitos grupos sociais. A moda virou sonho de consumo. A música hinos de movimentos. O cinema influenciou a estética. Nada mais culturalmente era como antes. Agora o ver, o sentir, o querer e o ter estavam logo ali, ao alcance das mãos e dos bolsos.

Com caráter cíclico, a Cultura Pop tem se reinventado ao longo da história. Conforme a publicação de um artigo sobre este tema no site Wikipédia, a cultura popular está constantemente mudando e é específica quanto ao local e ao tempo. Dentro da cultura popular, formam-se correntes, na medida em que um pequeno grupo de indivíduos terá maior interesse numa área da qual a cultura popular mais generalizada apareça, e completa ainda, que os ícones da cultura popular tipicamente atraem uma maior quantidade e variedade de público. Portanto, democracia e vitalidade são características concretas do mundo Pop.

Quem nunca se deixou enfeitiçar por uma obra de arte de Andy Warhol, que deixou Marylin Moroe tão pop quanto mitológica no imaginário masculino? Ou por uma “pixação” nos muros espalhados pela cidade, por aquela música que toca direto na rádio FM, da roupa de certo “famoso”, de um outdoor? Que a maioria das pessoas já foram ao cinema porque todo mundo disse que o longa-metragem valia a pena e se debrussaram sobre as páginas de um livro o qual está à semanas em primeiro lugar no ranking dos mais vendidos? Quem nunca teve, mesmo que só no infância, uma paixão especial por histórias em quadrinhos e gostaria de ter os poderes do super-herói preferido? Um tênis da marca “tal”? Bom, consumir e absorver a Cultura Pop atualmente é quase um ato corriqueiro, impossível estar à parte de um Universo tão colorido, sedutor, saboroso. A Cultura Pop está ao nosso redor, flutuando, cabe a nós escolhermos em qual galáxia queremos nos reconhecer ou nos espelhar.

Leia também: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cultura_pop