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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

19 de mai. de 2006

Um Segredo para Guardar?

Cartaz de divulgação do filme: O Segredo de Brokeback Moutain
Você tem um segredo? Quantos ainda guarda? Ou gostaria de ter um? Alguns os mantém por medo, outros por privacidade, existem aqueles que acreditam ser a melhor forma de manter o equilíbrio do seu próprio universo. O sigilo pode abrigar um delito, uma fantasia, um defeito, um sonho, uma história ou simplesmente um sentimento. Mas, às vezes chega o dia em que ficam impossíveis de serem sustentados. Um exemplo foi o retrato cinematográfico dos cowboys do filme “O Segredo de Brokeback Mountain”. Os segredos muitas vezes não conseguem sobreviver. Quanto vale o seu? Por que a curiosidade é a madrasta perversa que ronda as mentes sobre a vida alheia?

Atualmente, Apolos e Jacintos continuam a guardar segredos, mas é inegável a força que possuem dentro da sociedade organizada. Estão por trás de movimentos empresariais, nos segmentos culturais, permeiam as famílias e estão nos círculos de amizade. Estão por todos os lados. Sinais de que os tempos estejam mudando? Talvez, mas sabe-se também, que muito se faz contra as minorias que buscam simplesmente encontrar no seu companheiro um recanto de paz. A sociedade chamada de contemporânea, só poderá manter o seu título se transformar o preconceito em respeito, consciência que parece estar nascendo, verdade, aos poucos, sejamos otimistas.

O cinema talvez seja uma das linguagens mais populares hoje em dia para divulgar, expandir idéias e conceitos, não sendo diferente quando o assunto é a relação entre pessoas do mesmo sexo. Possivelmente existam filmes melhores e mais políticos sobre o mundo gay, a verdade é que fazia muito tempo que não se via um com tanto espaço na mídia e visto por tantas “tribos” diferentes. Segundo uma matéria publicada no site Folha OnLine, no mês de fevereiro, parece que ter no enredo de um filme o amor entre dois homens não causa mais tanta estranheza, “... ver beijos e histórias de amor entre pessoas do mesmo sexo virou a demanda do momento, que extrapola o "mundinho" dos descolados. Na platéia, todo tipo de perfil: dos namorados adolescentes (menina e menino) ao casal de aposentados. Abrir os ouvidos após uma sessão de "Brokeback" é uma oportunidade de capturar essa diversidade e levantar questionamentos: o filme influencia um enrustido a sair do armário? Os gays assumidos vão se expor mais em público? Haverá uma reação homofóbica e até violenta à tamanha auto-afirmação?”. Perguntas que ainda serão respondidas por todos nós, a humanidade precisa caminhar.

Em filmes como “O Padre”, “Quando a Noite Cai”, “As Horas”, “Alexandre”, e o recém lançado aqui no Brasil “Meu Amor de Verão”, é possível ver em um cinema com apelo comercial, as diferentes formas dos amores gays, em épocas distintas, por ângulos e ocasiões opostas. Válidos para tornar público e tirar dos guetos o que nunca deveria ter sido crime, motivo de perseguição religiosa, preconceito ou violência física e psicológica.

Contando segredos, sendo Apolos ou Jacintos, Romeus e Julietas, não importa, o que está em pauta é o respeito. A aceitação é opcional, mas que o mundo fica muito melhor com a diversidade de etnias, religiões, vertentes políticas, entre outros aspectos que constroem o ser humano, é inegável. Então por que não acrescentar em todos estes aspectos a orientação sexual?

Melhor é guardar segredo por livre e espontânea vontade, pior é tê-lo que manter por vergonha, medo ou obrigação. Que os seres humanos sejam mais humanos uns com os outros.