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"(...) Fiquei pensando quem iria ler aquilo tudo. Mas, por outro lado, quem escreve não fica pensando nisso; escreve porque quer escrever. Depois, quem quiser que o leia - espera o escritor, e esperamos nós (...)". * Livro: Maria Madalena, A Mulher que Amou Jesus

4 de jul. de 2009

O Rei do Pop



Michael Jackson - 29/08/1958 * 25/06/2009


O universo Pop está de luto. Relutei em escrever sobre a morte de Michael Jackson, mas não consegui ficar sem “comentar” sobre o fato que tem ganhado espaços generosos nos noticiários há mais de uma semana. Só se fala da morte do Rei do Pop em jornais, revistas, programas de televisão e sites. Imaginem como deve estar os fóruns de discussão na Internet. É difícil saber se as pessoas buscam por um conforto pela perda de Jackson, pela curiosidade que a trajetória do ídolo gerou ao longo da vida ou se é um desejo simples e mórbido sobre a “partida” e os mistérios que cercam especificamente este caso. Estava Michael usando abusivamente de drogas? Sofria de alguma doença grave, a qual escondia? Foi a linha tênue entre a exentricidade e a loucura que desencadeiou uma “histeria” coletiva de fãs e curiosos mundo afora? Até agora, como foi notíciado, 12 fãs já se suicidaram no mundo, alegando não suportar viver sem o astro, que fez história na música.

Desde os Anos 70, Michael Jackson “sofria” da felicidade e da tristeza de ser quem era. Criador de músicas inesquecíveis e de boa parte do que se entende por entretenimento nos dias de hoje, sofreu abusos psicológicos e físicos do pai, obstinado pelo sucesso dos filhos, da doença de pele e das inúmeras cirurgias plásticas que o fizeram um novo homem. Homem que queria ser eternamente criança. O Peter Pan da vida real. Mas infelizmente sem a detenção dos poderes de criação de uma típica fábula. Se o final foi feliz para ele não sabemos e a impressão de quem assistiu e assiste o desfecho desta história é de que foi obscuro, frio e solitário.

Talvez Neverland fosse o paraíso criado antecipadamente por Michael, onde ele poderia ser quem realmente era. E lá, deveria ter permanecido, respeitando os próprios “complexos de Greta Garbo”. Pois quando os atos abrem caminho para o “freakshow”, o talento pouco importa. Inexplicavelmente vende-se mais com as tragédias alheias, esquecendo-se de como foi dourado o caminho até ali.
Com o passar dos anos, ele “deixou” de ser negro, passou a transitar entre a androgenia e terminou como uma paródia de si mesmo. Inquestionável como perfomance, era impossível não ficar impressionado com o “moonwalk” e com os falsetes da voz que embalou toda uma geração. Isso sem falar dos clipes, que sempre eram tecnologicamente inovadores e definitivamente envolventes. Os meus preferidos são: “Don’t Stop Til You Get Enough”, "Billy Jean" e "Bad" – o figurino deste último, era um dos meus sonhos, quando era não mais que um menino encantado pelo mundo da pop music! Nunca acreditei nas acusações de abuso sexual das quais respondeu legalmente nos EUA. O via como quem idolotrava a infância, a qual teve que abrir mão em nome do palco e do showbisness. É bem possível, que não passasse de uma criança crescida.

Agora o que se vê são fãs emocionados pelo mundo, familiares comovidos com a perda, testamento despertando especulções, filhos que não conhecem as mães e parecem estar no meio de uma disputa judicial, dívidas acumuladas, turnê cancelada e uma coleção de sucessos revisitados e cantados pelos maiores nomes da música atual em maratonas de homenagens. Os últimos momentos de vida ainda rendem outros tantos capítulos da saga Michael Jakson.

O jovem cantor negro, que chamou a atenção de todos no início da carreira pela voz e pelo carisma, criou paradigmas e que provocam dúvidas inerentes de quem era Michael Jackson: Frágil? Doente? Gay? Infantil? Louco? A única certeza que podemos ter é sobre o seu talento e o legado que deixou. Algo de inestimável valor para a cultura Ocidental e para quem quiser fazer um Raio X da era em que vivemos: Excessos, exposição, fama, dinheiro, escândalos, sucesso… A vida do Rei do Pop tem sido até "o seu final" um produto, mais uma “obra” comercializada e imortalizada seja pelos milhões de acessos às páginas de busca da web, revistas lidas, jornais vendidos ou pela transmissão televisiva. Afinal: “(…) Who’s Bad?”.