Queridos Amigos
Com o passar do tempo, verdadeiras amizades viram uma espécie de instituição
Ainda estou pensando sobre a minissérie “Queridos Amigos”, que acabou há mais de uma semana. Quem não viu, perdeu! Estou falando de uma história produzida para a Tv Globo, exibida durante o mês de março, no final das noites de terça à sexta-feira. Mesmo estando “escondida” na grade de programação, a história prendeu e despertou interesse daqueles que viram um primeiro capítulo emocionante, de uma época cheia de esperança, de personagens com ideais pátrios e de justiça. E em mim, particularmente, despertou saudade dos meus queridos amigos, dos bons papos, das gargalhadas altas e dos códigos de comunicação que desenvolvemos ao longos destes anos todos.
Entre política e emoção, os personagens da minissérie contaram as suas histórias, riscaram os seus caminhos, por vezes cheios de “flores”, risos, mágoas, medos, remorsos e amores. Depois dos “Anos de Chumbo” da Ditadura Militar, o Brasil voltava em 1989, a escolher em eleições diretas um novo presidente. É neste ano, que os caminhos de velhos amigos voltam a se cruzar, resgatando afetos, paixões adormecidas e mal-entendidos. Um dos amigos descobre que tem uma grave doença e resolve reunir todos aqueles que estiveram ao seu lado nos momentos mais importantes da sua vida.
Nestes encontros e desencontros da minissérie de Maria Adelaide do Amaral, baseada no livro de sua própria autoria “Aos Meus Amigos”, consegue-se ver muitos de nós, de nossos amigos e de tudo o que os fazem ser tão especiais e ao mesmo tempo tão humanos em suas mais variadas definições. A obra não estabeleceu pré-conceitos, extinguiu estereótipos e foi sensível a todas as formas de amor, mesmo que loucas e passionais para muitos, mas bem verdadeiras, assim como as histórias que ouvimos nos dias de lamentos ou nos momentos de esfuziante alegria dos nossos queridos. Quase como um diário... um “top secret”, entende?!
Criar amizades fortes, verdadeiras e leais, com o passar dos anos estes “elementos” transforma-se em uma espécie de instituição. São os amigos que nos conhecem no íntimo. Que fecham e abrem nossos olhos quando nos é saudável. Protegem, salvam, brigam, amam, erram e edificam. Reconhecem as nossas escolhas e às abrigam como se fossem suas. É uma família “torta”, mas da sua escolha, crescente e viçosa, por muitas vezes deixa de ser P&B para tornar-se um pôster imenso de quatro cores para colocar na sala, onde todos possam ver assim que entrarem na sua casa.
Além de todos estes aspectos “sentimentalóides”, que por vezes soam piegas e açucaradas aqui no meu texto e que garanto, na telinha tinham muito poder, apresentou-se uma parte recente da história do nosso país, que ainda não conseguiu exorcizar completamente os traumas de uma geração que viveu intensamente os Anos 70.
Quem perdeu, perdeu? Talvez sim, mas vale a pena ficar atento ao lançamento da minissérie em DVD, ou em uma futura reprise, sabe-se lá quando. Mesmo que você já saiba tudo sobre amizade ou que não acredite mais na salvação do Brasil, assista! Além da direção de arte e trilha sonora vigorosa e saudosista, pode-se encontrar muito do que já fomos e muito do que já tivemos vontade de ser um dia. E para finalizar, recordo aqui, algumas palavras de uma velha canção, que foi hino de uma geração e tornou-se o sinônimo de uma verdade comprovada: “Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, perto coração!”.
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